quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

O cantador

Conheci esta música na aula de canto. Apaixonei por ela.
Fala da dor, da vida, da morte e do amor.

“De que serve meu canto e eu
Se em meu peito há uma dor que não morreu...”

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

A morte é um dia que vale a pena viver


Este livro chegou a mim quando estava esgotado. Diretamente da autora, através de pessoas próximas a ela.  No aniversário de uma amiga, comentei sobre os vídeos que tinha visto da autora, do interesse que tinha por cuidados paliativos. E surpreendentemente um dia o recebi de presente. Li em uma manhã...

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Oração de Santo Agostinho



Gosto muito dessa oração. Ela fala da morte e da esperança do reencontro. Da presença contínua dos nossos amados em nossas vidas, ainda que não visíveis. Que devemos prosseguir nos nossos caminhos, apesar da saudade e da dor. Ainda que a vida, linda e bela, não seja como antes.

Ps: na lembrança da missa de sétimo dia do meu filho, esta foi a oração escolhida.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

O que a memória ama, fica eterno

*O QUE A MEMÓRIA AMA, FICA ETERNO*

Texto maravilhoso de Adelia Prado, grande escritora e poetisa

  Quando pequena, não entendia  o choro solto da minha mãe ao assistir a  um filme, ouvir uma música ou ler um livro. O que eu não sabia é que  minha mãe não chorava pelas coisas visíveis. Ela chorava pela eternidade  que vivia dentro dela e que eu, na minha meninice, era incapaz de  compreender.
  O tempo passou e hoje me emociono diante das mesmas coisas, tocada por pequenos milagres do cotidiano.
  É que a memória é contrária ao tempo. Enquanto o tempo leva a vida  embora como vento, a memória traz de volta o que realmente importa,  eternizando momentos. Crianças têm o tempo a seu favor e a memória ainda  é muito recente. Para elas, um filme é só um filme; uma melodia, só uma  melodia. Ignoram o quanto a infância é impregnada de eternidade.
  Diante do tempo, envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente  parte. Porém, para a memória, ainda somos jovens, atletas, amantes  insaciáveis. Nossos filhos são crianças, nossos amigos estão perto,  nossos pais ainda vivem.
  Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro da gente. Quando  nos damos conta, nossos baús secretos – porque a memória é dada a  segredos – estão recheados daquilo que amamos, do que deixou saudade, do  que doeu além da conta, do que permaneceu além do tempo.
  A capacidade de se emocionar vem daí, quando nossos compartimentos são  escancarados de alguma maneira. Um dia você liga o rádio do carro e  toca uma música qualquer, ninguém nota, mas aquela música já fez parte  de você – foi o fundo musical de um amor, ou a trilha sonora de uma  fossa – e mesmo que tenham se passado anos, sua memória afetiva não  obedece a calendários, não caminha com as estações; alguma parte de você  volta no tempo e lembra aquela pessoa, aquele momento, aquela época...
  Amigos verdadeiros têm a capacidade de se eternizar dentro da gente. É  comum ver amigos da juventude se reencontrando depois de anos – já  adultos ou até idosos – e voltando a se comportar como adolescentes  bobos e imaturos. ENCONTROS DE TURMA são especiais por isso, resgatam as  pessoas que fomos, garotos cheios de alegria, engraçadinhos, capazes de  atitudes infantis e debilóides, como éramos há 20, 30, 40 ou 50 anos.  Descobrimos que o tempo não passa para a memória. Ela eterniza amigos,  brincadeiras, apelidos... mesmo que por fora restem cabelos brancos,  artroses e rugas.
  A memória não permite que sejamos adultos perto de nossos pais. Nem  eles percebem que crescemos. Seremos sempre "as crianças", não importa  se já temos 30, 40, 50 ou 60 anos. Pra eles, a lembrança da casa cheia,  das brigas entre irmãos, das estórias contadas ao cair da noite... ainda  são muito recentes, pois a memória amou, e aquilo se eternizou.
  Por isso é tão difícil despedir-se de um amor ou alguém especial que  por algum motivo deixou de fazer parte de nossas vidas. Dizem que o  tempo cura tudo, mas não é simples assim. Ele acalma os sentidos, apara  as arestas, coloca um band-aid na dor. Mas aquilo que amamos tem vocação  para emergir das profundezas, romper os cadeados e assombrar de vez em  quando. Somos a soma de nossos afetos, e aquilo que amamos pode ser  facilmente reativado por novos gatilhos: somos traídos pelo enredo de um  filme, uma música antiga, um lugar especial.
  Do mesmo modo, somos memórias vivas na vida de nossos filhos,  cônjuges, ex-amores, amigos, irmãos. E mesmo que o tempo nos leve daqui,  seremos eternamente lembrados por aqueles que um dia nos amaram.
Adélia Prado


Recebido de uma amiga agora em janeiro. Fiquei encantada com o texto que compartilho com vocês.