quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Não foi a mesma coisa, faltou você



“Não foi a mesma coisa, faltou você… mas eu te deixei por aqui como pude, como era possível .  Chegou bem antes, nos preparativos, nas luzes que piscam, nas músicas. Continuou por aqui na ceia, no almoço, nas conversas, nas fotografias, continuou por aqui na saudade. Continuará por aqui sempre…” ( Teresa Gouvea @laçoselutos)


               Não foi e nunca será igual novamente. Final do ano as lembranças intensificam. Nos preparativos, desde a época em que adoravam montar a árvore de Natal, decorar a casa com luzes e papai Noel, mudar a marcação no calendário do advento. 

                 No dia de Natal,  quando deixava a bota de tecido para o Papai Noel trazer o presente pedido, na ceia ( reduzida a 7 pessoas) , no almoço na chácara com o tradicional amigo secreto, nas fotografias de família em que você não aparece. Continuará por aqui sempre. Nos nossos corações , nas lembranças dos natais passados e nos natais futuros. Sempre haverá você. Deixo você como posso.

                Daqui alguns dias finda 2021. Para você não chegará 2022, sequer chegou 2016. No entanto, estamos mais perto do reencontro. Cada dia um pouco mais.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Véspera de Natal

         


           Ontem foi aniversário da sua irmã . Fiquei pensando : quando você partiu nós perdemos o filho. Seus avós o neto, único menino. Sua prima, o único primo. Sua irmã, o único irmão . Ninguém morre sozinho: morreu um filho, um neto, um primo, um irmão , um amigo, um aluno, um colega.

           Um lugar vazio se instalou, um espaço não mais ocupado. Na mesa da refeição, na casa da Bathan, na sala de aula, no time de futebol.

          Seguimos aprendendo a conviver com a sua ausência física por aqui. Um aprendizado constante. E sempre.

           Já são seis Natais sem você .  Sim,  O aniversariante deve ser comemorado e honrado. Mas as comemorações já não são as mesmas. Saudade que aperta.



( escrito dia 22/12/2021)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Vento no Litoral


Vento no Litoral 
(Legião Urbana)
De tarde eu quero descansar, chegar até a praia e ver
Se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora
Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?
Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil eu sem você
Porque você está comigo o tempo todo
E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua e se entregar é uma bobagem
Já que você não está aqui
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?
Ei, olha só o que eu achei, cavalos-marinhos
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora




domingo, 12 de dezembro de 2021

Gratidão

          


         


          Alguns dias atrás foi celebrado o dia de ação de graças. Comemoração importante para os americanos, em agradecimento à colheita.

          Quando me deparo com tantos casos de depressão, de suicídio, de síndrome de pânico agravados pela pandemia, penso que devo agradecer pelo meu processo de luto.

           Passei por ele, sim com muito sofrimento, mas lúcida . Não precisei de medicação, embora reconheça que muitas vezes ela é necessária.

          Meus pilares foram a família, os amigos, a terapia e a fé.

          Ter por quem prosseguir, acreditar num propósito ( mesmo sem sabermos ao certo) , crer num reencontro e que a vida  não termina por aqui ( estamos apenas de passagem).

          Ajudar quem precisa, tirando o foco do próprio sofrimento, também é uma forma de auto ajuda.

         Compreender que a ausência de quem partiu não desaparece e que o essencial é aprender a  conviver com ela .  Ressignificar  a própria existência. 

          Dias de tristeza  virão. E  de saudade mais intensa também. Respeitar essa dor é fundamental. Auto conhecimento e auto cuidado são necessários . Seguimos vivendo um dia de cada vez . 

         No entanto, agradeço o tempo de convivência terrena ( hoje estou nos dias bons) e a Deus por ter me sustentado. 

          Pois como li, “para as mães que perderam um filho, sobreviver já é um milagre”.