quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Coincidências

              


              Li em algum lugar, em rede social , que hoje é o dia da gratidão. Coincidência ou não , hoje os meus pais completam 60 anos de casados . Uma vida juntos. 

               Ainda no campo das “ coincidências “, acabei de ler um livro, cujo texto reproduzo: 

Posso passar meu tempo concentrada na versão perfeita da vida que jamais terei, ou posso aproveitar meu tempo aproveitando a vida que tenho. “ 

               Coincidentemente, li essa semana a história de como a música “ O filho que quero ter” foi escrita.

                Após a morte de um filho, nunca voltamos a ser quem éramos. Impossível. Presenciar a partida dele nesse mundo é uma experiência tão visceral, o “ revés de um parto” que não tem como sermos os mesmos. 

                Quando um filho nasce, ou mesmo antes dele nascer, como na música, imaginamos como seria. Uma criança que viria e que um dia 

 “Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto que me deu….Ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus”.  Essa seria a ordem natural dos fatos. A vida que apesar de imperfeita seria perfeita aos nossos olhos e aos nossos planos . 

No entanto, a morte de um filho rompe com tudo isso . O futuro que não chega. 

              A vida passa a não ser mais a idealizada.  A vida que jamais terei. E se eu me concentrar somente nela, e muitas vezes é difícil de não fazê-lo, deixo de ver as oportunidades e as bençãos que que temos. 

              Gratidão pelos 60 de casados dos meus pais, com saúde , lúcidos e autônomos . Pela minha família, minha filha, meu marido, meus amigos. 

              Pelas oportunidades que tenho nessa vida e muito que tenho e quero fazer .

              Pelo convívio curto, porém intenso e de tanto amor, com o João Pedro nos doze anos e meio que esteve conosco neste plano. 

              É sempre assim? Não … a saudade é intensa. E dói no peito. E como mãe,  impossível não se fazer algumas perguntas: o porquê dos fatos, como estaria , o que estaria fazendo e se estaria gostando daquele passeio de férias, daquela comemoração. 

              Porém, a missão dele neste plano terminou, a nossa não. E seguir em frente é uma forma de honrá-lo. Ele que foi, aqui, tão intenso e tão cheio de vida. Tenho tentado , todo dia. Com a graça de Deus.


Ps: estou em lágrimas, depois fico bem .

Ps2: creio que nada é por acaso . Nem as coincidências .

Ps3: ainda do mesmo livro: 

“Sei que minha vida , como um todo , não tem sido perfeita, mas estou começando a apreciar todas as coisas perfeitas que a compõe .” 


( Escrito em 11 de janeiro)

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Carta para Claudia


              Ainda não sei o que dizer em momentos como esses. Sinta-se abraçada. 

              Quando uma mãe perde um filho é como se perdesse o meu, novamente. Dói no coração. Pelo filho que se foi e pela sua dor. Se existe dor maior, desconheço .

              No entanto, descobri  uma força dentro de mim que não sabia existir. Somos muito mais fortes que imaginávamos para prosseguir, ainda que o coração esteja dilacerado . Ainda que tudo pareça  desmoronar .

               Ainda que o milagre que tanto pedimos ( e pedimos juntas), não tenha acontecido. Ainda que não conhecemos os porquês e questionamos as razões, sem respostas.

               Tenho certeza,  você possui essa fortaleza. E quando se sentir frágil, quando a saudade apertar demais, você tem uma família linda, amigos para apoiá-la e um Deus que vai te dar a mão para viver o que deve ser vivido (nessa vida passageira).

               Um abraço em seu coração 

               


De mãe para mãe