domingo, 24 de dezembro de 2023

Natal


               São 9 dias para o Natal… Árvore montada , presépio no lugar , corre corre dos preparativos, das comemorações..

             No entanto, esse será um Natal diferente para a Jaque, para a Claudia e para a Sílvia .

É o primeiro sem os seus filhos amados por aqui.. 

           Datas comemorativas são difíceis,  no primeiro ano da partida então… 

          A ferida ainda está viva , latejando. Não cicatrizou. Tudo é mais complicado.

          No entanto, mesmo com o coração sangrando, não se esqueçam das bençãos que possuem. A família , os amigos e a divindade .  E que o Natal representa a benção de um menino Deus trazendo esperança e luz para a humanidade. Essa esperança e paz que o mundo está tão carente . 

          Ah , se eu pudesse fazer um desejo para a estrela de Belém seria:  que nenhuma mãe passe por essa dor. A dor de Nossa Senhora…

         E que o Natal de esperança e luz possa habitar os corações da humanidade, em especial os seus . Até o dia do reencontro, com nossos amados,  que partiram antes de nós .


( Escrito no dia 17/12/2023)

domingo, 3 de dezembro de 2023

Sobre chegadas e partidas


Uma homenagem às pessoas que passam pela dor do luto.


Sobre chegadas e partidas

            Viver pressupõe criarmos vínculos como também nos depararmos com as experiências de perdas inerentes a eles – a morte. Ela é uma experiência inevitável que faz parte do jogo da vida nos deixando vulneráveis diante do mundo, pois muda todo nosso ambiente. Logo, estamos diante da dor da perda - a dor avassaladora a qual chamamos de luto.

         Esse fenômeno, para além de ser um  tsunami que passa em nossas vidas é também um processo único, singular, solitário e idiossincrático, uma vez que ao perder nosso ente de amor, vivenciaremos o luto de acordo com nossa história pessoal de amor e perdas e da nossa história de vínculo com aquele que perdemos.  

          O luto nos transforma? Inegavelmente, sim! É uma experiência viva, pois entraremos em contato com as contingências da perda e toda gama de sentimentos e emoções geradas por ela, o que traz em nós uma transformação ampla e profunda. Não somos mais quem éramos a partir disso –esta é a verdade!

          Há de se considerar que no enlutar-se há uma função importante: levar-nos à adaptação de uma nova vida na ausência do nosso ente querido. Significa aceitar a realidade da morte enquanto estamos no presente e na permanência do luto e, ao mesmo tempo, mudar o relacionamento com aquele que partiu. O vínculo não morrerá jamais e a existência dele de forma contínua nos dará de presente uma conexão duradoura com nosso ente de amor gerando senso de autonomia e competência na nossa relação com a vida e olhares em propósitos e significados, alegria e satisfação.

        Em suma, ficarão para sempre as histórias vividas que contam quem era nosso ente de amor e quem até então fomos no sentido das construções edificadas; o legado e os valores também tomarão lugares de honra. E mais, nossa trajetória continuará de mãos dadas; agora, com as lembranças, a saudade, a vivência dos valores e a clareza escancarada de que não há um fim para nosso luto – ele ficará integrado em nossas vidas.


Texto escrito pela psicóloga Nione Torres