sábado, 30 de abril de 2022

Carta para Marielza



Finalizando a primeira parte da Campanha Nanda Sempre Viva, em prol do Hospital do Câncer de Londrina, reproduzo esta carta escrita para a mãe da Nanda,  em abril do ano passado.

Carta para Marielza 

          Não conheci a Nanda , mas penso que era uma pessoa incrível pela mãe que tem. Transformar toda essa dor em ajuda ao próximo, deve fazê-la sorrir de onde estiver. Afinal, foi ela que começou  essa campanha linda. Trazendo um pouco de alívio através de uma água de coco geladinha, em meio a tanta dor e sofrimento. 

           Este ano, no meio de um turbilhão de providências,  dentro de uma pandemia, mas conseguindo mais uma vez  “ entregar um caminhão”, como desejava, com os 10 anos da campanha.

          No entanto, hoje é um dia de Nanda ( não que os outros não sejam).  Como eu li em algum lugar, “ tem dias que a saudade dói, em outros ela espanca “.  Ainda que correndo para finalizar a campanha, em algum momento  sei que vai parar e lembrar dos 10 anos. Não tem como ser diferente.  E o coração vai apertar. Só quem passa por isso,  sabe como é . E o que se sente em datas assim.

         O que posso dizer ? Sinta-se abraçada, acolhida. Saiba que, fazendo o que faz, torna a Nanda sempre viva nos corações das pessoas . Mesmo para pessoas  que como eu, não tiveram o privilégio de conhecê-la, mas através de você aprenderam a amá-la.

         Fique em paz... e que a “Cidinha” esteja sempre ao seu lado . Pois Ela sabe que dor é essa.  E que Deus sempre a abençoe.

sábado, 16 de abril de 2022

Pessach, Páscoa !


                

                Desta vez o domingo de Páscoa cairá em um dia 17. Não me lembro que tenha coincidido nos 6 anos anteriores.

                Talvez para refletir.

                 Páscoa  vem do latim Pasha, que se origina da palavra hebraica Pessach  que quer dizer passagem. No antigo testamento, a libertação do povo israelita do Egito. 

                 No novo testamento, a ressurreição de Cristo.

                Passagem para uma nova vida, liberta da escravidão.  Ressurreição para vencer a morte.

                Hoje nesse dia, lembro da sua passagem. Desta vida para outra. Deste plano para outro.

                Lembro que o Amor vence a morte. Do Amor que permanece nessa vida e além dela. Da esperança do dia do reencontro. Da “esperança de vida no meu coração “.  Da crença que nos faz continuar e seguir em frente. Do Amor para sempre. Eternamente.


              

quinta-feira, 14 de abril de 2022

Uma fresta de luz


               


              Passei pelo seu quarto, uma fresta de luz pela porta. Tive a impressão que estava ali. Mas era apenas a luz da janela que estava aberta. Lembrei que você não estava por aqui . 

 

              Pela segunda vez estou tendo que aprender a ser mãe, sem a presença física. A primeira quando João  partiu para uma viagem sem retorno. E agora, com a mudança de fato da filha. Sim, são fatos completamente distintos. Mas o ninho está vazio . 

              Tudo é ensinamento. Mas amar na saudade é um aprendizado duro. E difícil.


Ps:  estou feliz. Chegou hoje 

domingo, 3 de abril de 2022

Tristeza


              Estou triste. Uma tristeza que surge repentinamente e não quer sair. Hoje não tem data comemorativa, não tem fato com gatilho , mas simplesmente bateu tristeza. 

              Voltei ao momento do velório do meu filho. Só de escrever parece uma ideia inconcebível. Velório do filho. 

              Lembro da maioria dos fatos e de boa parte das pessoas que ali passaram ( segundo meu primo mais de mil ). E de diversas expressões quando os olhos encontravam o meu. Às vezes questionando o que fazer, ou o que falar, ou até desviando. Sem coragem de me encarar. Ou de encarar os fatos. Ou o questionamento oculto, escondido no âmago : se aconteceu com ela será que não poderia acontecer comigo? 

                Lembro da amiga com um copo de água com remédio homeopático atrás de mim, lembro da expressão de dor do melhor amigo com 12 anos apenas, lembro da presença de vários professores da escola, de todo time de futebol, dos amigos de outras cidades, dos colegas, das meninas da limpeza da repartição, dos que questionaram viverem tanto tempo e meu filho partir tão cedo, dos que sentiam pena, dos que achavam que conseguiam imaginar  um pouco da nossa dor, dos que sentiram essa dor.

                Saindo do cemitério, senti um cheiro completamente diferente. De flores. E nada que justificasse, por perto. Outras vezes senti, e outras pessoas ao lado não. De alguma forma, esse aroma me acalmou.

                Preparando o enfrentamento de chegar em casa, agora sem a presença do João Pedro. Fisicamente, nunca mais.


“ Tristeza por favor vai embora

Minha alma que chora

Está vendo o seu fim…”

 

Posso estar triste, mas graças a Deus não sou triste.