domingo, 29 de setembro de 2019

Da semente do amor floresce a saudade

"...É da semente do amor que floresce a saudade.É da colheita do fruto que surge algo que chamamos de laços.E é quando a vida os desata que chamamos de perdas.Perdas irreparáveis,perdas que não tem nome,dor que dói ao pensar,dor que um dia ouvi ser equiparada a um parto inverso.Devolver o filho.Sem nós perguntar se damos essa permissão.Lagrimas que não sai choro que nós falta o ar medo de viver.Medo de viver.Medo que o medo nunca saia de nosso coração.Medo do medo.Vontade louca de voltar segundos,ou talvez milésimos dele.Mas nada é possível.O chão é roubado o coração parece parar,e  as borboletas voam angustiadas pela nossa alma.O sonho de que tudo seja mentira.Que a notícia recebida foi engano.Que o nome dito era homônimo.A mentira se faz verdade...O nome querido pensado com tanto carinho antes mesmo do nascimento é trocado  por alguém que já    o chama de "CORPO"seu leito se torna forrado de flores ,flores estás que sonhavamos para sua formatura ou casamento.E agora o acompanha para emoldurar seu semblante que parece estar em um sono profundo.Olhos que não abrem mais... Saudade!“

Texto publicado pela Rosiane Godk , em 17 de novembro de 2016,  em que fui marcada.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Dezesseis anos ( Carta)

            Às vezes me perguntam:você só tem ela ( de filha). E eu, com o coração doendo, respondo só. Você me perdoa, João Pedro. É muito complicado explicar e o mundo não quer saber da sua dor. Embora eu tenha vontade de gritar para todos: eu tenho dois filhos. Nasceram dois filhos do meu ventre. Uma está aqui e o outro partiu para outro plano. Mas eu sempre vou ter dois filhos. Mãe de menina e de menino. Você vai estar sempre comigo, João Pedro. Até porque você faz parte de mim. Você e a Amanda sempre foram a minha melhor parte. Aliás, a maternidade é algo engraçado. Os filhos saem do corpo, mas ocupam permanentemente um lugar no coração. Eu disse permanente, e assim sempre será.
           Daqui dois dias é o dia do seu aniversário. Há 16 anos você veio a este mundo. Tão pequenino e parecia já estar atento a tudo. APGAR 10. Tranquilo, dormia bastante. Andou com 9 meses, com um ano já comia sozinho. Muito independente respondia que não era bebê, era menino. Parecia que chegou sabendo o que queria. Suas escolhas eram certeiras: era aquela roupa, aquele brinquedo, aquela comida, aquele lugar. Generoso ( pegou seu melhor caminhão para dar para o menino da creche), sensível ( o fulano ficou triste ou chateado com algo), alegre, cercado de amigos ( desde os mais quietinhos até os mais agitados).
         Quando penso que eu o peguei no colo, amamentei, troquei as fraldas, dei a mão para os primeiros passos, acompanhei as primeiras leituras ( queria muito ler), os primeiros chutes de bola, andar de bicicleta sem rodinhas.
          Queria ser médico de dor de cabeça ( que ironia). Depois jogador de futebol. Corintiano que era, contei que um dos maiores ídolos do Corinthians era médico e jogador de futebol. Então era isso que queria...
           Tantos sonhos interrompidos.
           Vejo o noticiário que anuncia a tragédia dos dez meninos da base do Flamengo que morreram num incêndio no Centro de Treinamento. Meninos de idade próxima a que você teria. Felizes, de diversas partes do país. Rostinhos lindos. E penso na dor das mães deles. Imaginando se eles sofreram ou não antes de morrer. Sabendo que elas nunca mais vão poder abraçar,  falar com seus filhos, torcer por eles, vê-los crescer. E penso que sei que dor é essa. E sei que a saudade vai estar sempre presente.
            Compadeço dessas mães e sei o quanto ainda vão chorar. Logo chegarão os primeiros aniversários sem eles: de nascimento, o dia das mães ( que nunca mais serão completos), o Natal, o Ano Novo, as comemorações de família e o primeiro aniversário de morte.
            Ainda não entendo e acho que não vou compreender nessa vida.
            Sei que não cabe a mim compreender e sim aceitar para tocar em frente. Questão de sobrevivência.
             Mas se perguntassem , sabendo de tudo que passou ( e ainda passa) se pudesse você escolheria uma vida diferente?
             Não, pois não teria tido você João Pedro, em nossas vidas.
             Não teria o bebê agarradinho em mim, o menino com o sorriso maroto, não teria torcido nos seus jogos e gritado “vai João Pedro”, rido de suas brincadeiras e gracinhas, curtido tantos filmes e músicas juntos, lutado e rolado no chão, feito massagem nos seus pés fofinhos e cócegas também.
             Você era barulhento e inquieto como toda criança saudável. E falante. E transparente nos seus sentimentos e afetos.
              Ah, como eu sinto a sua falta. E embora você esteja em mim, vou sentir sempre.
               Se “saudade é o amor que fica”, a saudade realmente é eterna. Fora do senso comum.
               Amo você. Para todo e sempre.

                          Sua mãe


Londrina, fevereiro de 2019.

         

sábado, 21 de setembro de 2019

Jardim da Fantasia -Paulinho Pedra Azul. Música que conheci com meus amigos mineiros, muito tempo atrás.
“ Onde está andei por este céu azul
Andei estradas do além
Onde estará meu bem...”


terça-feira, 17 de setembro de 2019

O legado do João Pedro

          Esta semana, depois de muito protelar, ficaram prontos os álbuns de fotos do João Pedro. Foram nove volumes, com cerca de 1400 fotos, organizadas por data, sintetizando um pouco da vida dele. Quem me ajudou a montar estes álbuns, não o conheceu. Mas percebeu de imediato, como ele viveu intensamente.
           Foram doze anos e meio que o João Pedro esteve por aqui, porém intensos e felizes. Ele brincou muito, jogou bola, passeou, sorriu, chorou, emocionou e fez emocionar. Creio, foi feliz em sua curta passagem por aqui.
           Se perguntasse para ele, qual mensagem nos deixaria, imagino que diria: Viva intensamente e seja feliz, porque a vida pode ser breve. Este seria o primeiro legado: viver intensamente e ter momentos felizes.
           O segundo eu diria que é o da fé.
           Nos momentos vividos no hospital, os mais difíceis da minha vida, também foram aqueles em que senti a presença de Deus intensamente. Foi e ainda é, o que me dá forças para eu continuar. Se não fosse por Ele, eu não estaria de pé. Não teria suportado passar, pelo que acredito, seja a maior dor que alguém possa sentir: o de ver um filho partir.
           E ainda, a corrente de oração que se formou em torno da cura dele foi algo incrível. Pessoas de todas as religiões e crenças. Pessoas que eu não conhecia. Pessoas que estavam afastadas de Deus e voltaram a rezar. Muito se sensibilizaram, talvez por ser o maior medo que os pais possuem habitando o seu inconsciente.
           O terceiro eu diria que é o amor.
           Porque mesmo diante da dor e da saudade que vivemos e muitas vezes vem nos visitar, o amor pelo João Pedro permanece. E assim para sempre será. Um amor que transcende a morte, porque vive para sempre no meu coração. Você, João Pedro vive para sempre dentro de mim e no coração dos que o amaram e amam.
          Você, João Pedro, viveu intensamente e deixou a sua marca de alegria e felicidade neste mundo.
          Você, João Pedro, traz a mensagem da fé, da esperança que estaremos todos juntos novamente um dia, num feliz reencontro.
           Você, João Pedro, que amo para todo e sempre.


Escrito em algum dia de agosto de 2019.

domingo, 15 de setembro de 2019

Quatro anos

                   Quatro anos atrás, eu recebi a notícia da morte cerebral do meu filho. Só restaria esperar o coração dele parar de bater. Foi quando eu comecei a me despedir dele. Algo impensável num coração de mãe. A ordem natural da vida invertida.
                   Logo após receber a notícia, a médica insensivelmente começou a desligar as medicações e aparelhos na minha frente. O porquê dessa atitude, entendo  que foi uma total falta de preparo. Eu em choque, nem consegui reagir.
                   Não tem o porquê de aumentar a dor, do que dizem ser a maior dor do mundo. Se existe outra maior, desconheço.
                   Meu filho foi o bebê que chutava dentro da minha barriga. Meu filho segurou na minha mão pra aprender a andar. Meu filho que carreguei no colo. Meu filho para quem eu cantava para dormir. Meu filho que queria brincar de luta. Meu filho para quem torci em tantas partidas de futebol. Meu filho com quem vibrei em tantos jogos  vitoriosos e consolei nas derrotas. Meu filho que gostava de sol, de mar, de fazer castelos de areia. Meu filho que gostava de filmes, de música. Meu filho que sabia o que queria e principalmente o que não queria. Meu filho tão cheio de vida...
                 Como assim ? A sua vida indo embora. Assim sem mais nem menos... assim de repente. Naquele momento só restava esperar o seu coração parar de bater. Coração valente que bateu ainda por mais dois dias...
                Ainda hoje,  às vezes parece que não aconteceu. Como gostaria de acordar e perceber que tudo foi apenas um pesadelo. Que a minha vida estava como era a um pouco mais de quatro anos atrás.
                Infelizmente, isso é impossível.



Escrito em 15 de setembro de 2019

Saudade

Publicado em 2 de novembro de 2018.

sábado, 14 de setembro de 2019

Mães que devolvem a vida


Resta esperar

Publicado em 17 de outubro de 2018

É preciso amar

“É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há...”


Publicado em 17 de dezembro de 2018

Versos simples

“Saudade já não sei se é a palavra certa”


Publicado em 17 de maio de 2019

Balão

Mais um dia 17... Será que estava mais perto de você aqui? Vou seguindo, levando você sempre no meu coração. Até o dia do reencontro... amor pra toda vida.
Publicado em 17 de junho de 2019.

Quinze anos

        Quinze anos, que idade mais linda. O auge da adolescência. Tantas mudanças, tantas descobertas.
        Infelizmente não pudemos acompanhar seus quinze anos, sequer os treze.
        Você partiu com doze anos e meio, nem oficialmente na adolescência ( thirteen).
        Como diria Drumond: “também temos saudades do que não existiu, e dói bastante .”
        Saudade? É uma companheira diária. Saudade de tocar, de cheirar, de abraçar, de sentir.  Saudade de cuidar, pois alguém disse que o “cuidado é a medida do afeto”. Cuidado esse que já não posso dedicar e o afeto que transborda sem o destino que gostaria de ter.
         Saudade do que vivenciamos juntos e não é mais possível. Ah, se o João Pedro estivesse aqui ele estaria gostando de nadar com as tartarugas, ele estaria reclamando de andar, ele gostaria de mergulhar. Sempre imaginando qual seria a sua reação.
         Saudade do futuro que não veio. Provavelmente mudando de voz, com uma penugem de barba/bigode.
          Não chegou aos treze, não “adolesceu”. Não teve formatura, não se apaixonou pela primeira namorada, não foi pra balada, não se casará, não virão os filhos ( meus netos que não virão). Um futuro tão bruscamente interrompido. Razões? Jamais vou saber. O que não me impede de perguntar, mesmo sem respostas.
           Dor? Às vezes chega a ser física de tanto que essa saudade dói. Dói no corpo, dói na alma. Arrancaram uma parte de mim e o vazio que ficou está ali latejando, pulsando. Existindo como vazio.
           A gente se distrai, continua a vida que prossegue. Mas essa parte faltante vai está sempre ali, dizendo que sua vida deixou de ser completa. Ter essa consciência também dói.
           Hoje entendo mais do que nunca, quando disseram que o fato das mães que perdem os filhos estarem aqui é uma incrível prova de amor ao mundo.
           No entanto, eu quero viver e não simplesmente sobreviver.
            Muitas pessoas vieram dizer o quanto me admiravam, o quanto me achavam forte. Às vezes parece sem sentido para mim. Não parece que tenho outra alternativa.
            Só pela fé para prosseguir. Acreditando que o João Pedro está bem e que um dia iremos nos encontrar novamente.
            Quando eu tinha mais ou menos quinze anos,  li um livro chamado Longe é um lugar que não existe. E uma frase que até hoje me recordo é a seguinte: “Voe livre e feliz através dos aniversários. Haveremos de nos encontrar através da única comemoração que nunca termina “, algo assim.
            E que  assim seja, meu filho. Por toda eternidade.
                                   Sua mãe





( Escrito perto de 14 de fevereiro de 2018)


           

Quem não está

Publicado em 17 de março de 2019

As mais bonitas flores

Recebido em algum dia de setembro de 2015.

A dor sem nome

Uma amiga me disse algo que me fez refletir: filho que perde o pai/ mãe é órfão . Marido/esposa que perde o cônjuge é viúvo(a). E pai/mãe que perde um filho? Nem nome tem....A dor é tão grande que nem nome tem....


Publicado em 17 de outubro de 2015

Crônica da Adriana

http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--2278-20150923http://www.folhaweb.com.br/?id_folha

Este foi um artigo da jornalista Adriana Ito, publicado na Folha de Londrina, em 23 de setembro de 2015. Eu sou a mãe do João Pedro...


Reproduzido por mim em 17 de fevereiro de 2016

Éramos cinco

Éramos quatro....



Publicado em 17 de janeiro de 2017

Pedaço de mim

“Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu...”


Publicado em 17 de janeiro de 2016

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

O que importa é o que ficou

Publicado em 14 de setembro de 2016, convidando para a missa de 1 ano de falecimento.

Os horários da sua chegada

Publicado em 17 de maio de 2016

Definição de saudade

DEFINIÇÃO DE *SAUDADE* 😪

Dr. Rogério Brandão
Médico oncologista - Pernambuco

Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional (...) posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes.
Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além.

Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional...
Comecei a frequentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria.
Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer.
Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças.

Até o dia em que um anjo passou por mim!
Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimios e radioterapias.
Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos, porém, isso é humano!

Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinha no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção:

— Tio, — disse-me ela — às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores... Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!

Indaguei:
— E o que a morte representa para você, minha querida?
— Olha tio, quando somos pequenos, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é?

( Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, e com elas, eu procedia exatamente assim).

— É isso mesmo.
— Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!

Fiquei "engasgado", não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou a visão e a espiritualidade daquela criança.

— E minha mãe vai ficar com saudades — emendou ela.

Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei:

— E o que saudade significa para você, minha querida?
— *Saudade* *é* *o* *amor* *que* *fica*!

        Que hoje possamos abraçar quem ainda podemos, amar os que ainda podem receber nosso amor. Perdoar enquanto é tempo.


Publicado em 2 de novembro de 2017

Sol e mar

Ele gostava de sol, mar e fazer castelos de areia...


Publicado em 17 de janeiro de 2019

Muita saudade

Publicado em 17 de julho de 2019

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Três anos sem você

Escrevi esta carta para o João Pedro. Em algumas ocasiões escrevo.
           
            Hoje faz 3 anos que não escuto sua voz. Mas lembro perfeitamente o tom, o timbre, como se estivesse escutando hoje .
          Conversei com você pela última vez, ou melhor você me respondeu pela última vez faz 3 anos. Parece inacreditável .Às vezes parece ainda que não aconteceu.
         Esses dias tenho revivido tudo que se passou a 3 anos. Os dias em que você estava bem, a primeira queixa da dor de cabeça, quando efetivamente se sentiu mal, os dias no hospital. Logo você que “ nem gripe pegava”, forte que era. E quando tinha algo, recuperava-se muito rápido. Logo você que ironicamente  dizia que ia ser médico de dor de cabeça, antes da fase “jogador de futebol”.
         Como nossa vida muda num piscar de olhos. Como diz a música “ e o futuro é uma astronave que tentamos pilotar. Não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar. Sem pedir licença muda nossa vida e depois convida a rir ou chorar...”.
         Como tudo mudou. Não tenho mais brinquedos espalhados( já estava começando a ter poucos), chuteiras largadas, chinelos esquecidos, tarefas de kumon escondidas, videogame montado.
          Não torço mais, nem grito “ vai João Pedro”, não tenho que sair correndo do trabalho para um jogo da liga ou Eurocup, ou do campo. Nem levar e buscar você na escola ou na casa de tantos amigos, nem esperar você acabar de jogar bola no portão da escola. Nem tenho mais pães de queijo congelados para fazer um lanche urgente.
          Ah, João Pedro como você viveu intensamente estes seus doze anos e meio .
          Vejo seus amigos, todos cresceram e estão crescendo. Adolescentes . Mais ou menos como sua irmã e os amigos dela quando você nos deixou e fico imaginando como você estaria.
         Que altura teria, como teria mudado a aparência , a voz, onde estaria estudando e com quais amigos, se estaríamos brigando bastante ( provavelmente ), como agiria.
          Hoje só me resta imaginar o futuro que não chegou. Situação inimaginável na época.
           Às vezes algumas pessoas me falam “ imagino o que você deve estar sentindo” e eu respondo, você não imagina. É inimaginável para um pai ou uma mãe pensar na possibilidade de perder um filho. Tamanha dor só de pensar. Somente quem passa por esta perda consegue dimensionar. Mais ninguém .
         Perder os pais, ainda que com muita dor, é a ordem natural da vida. Perder um cônjuge, um companheiro ou uma pessoa querida claro que é difícil. Quem perde os pais  é órfão, quem perde o cônjuge é viúvo e quem perde um filho? Nem nome tem.
         Hoje penso que é sobrevivente. Sobrevivente deste “terremoto” que passou em nossas vidas e arrancou parte da minha melhor parte, você João Pedro.
         Assim sem pedir licença, abalando todas as estruturas.
         Como você faz falta. Tinha medo de esquecer, mas lembro perfeitamente. Do tom da voz, do sorriso, do jeito de falar, de andar, de parar. Até como jogava bola, pegava na raquete, na caneta, no garfo.
            Saudades todo dia e sei que vai ser assim até o dia do nosso reencontro.
           No entanto, por mais que esta dor me acompanhe agradeço por você ter existido cotidianamente em nossas vidas por doze anos e meio. Trazendo alegria, vida e luz. Tão pouco tempo, mas intensamente.
         E fazendo parte de nossas vidas para todo e sempre, pois você vai estar sempre comigo. O amor que nos une é eterno.



                  Sua mãe

Parte de mim

Para sempre faz parte de mim...


Publicado em 17 de agosto de 2019

Canteiros

Canteiros ( Cecilia Meireles)

Quando penso em você, fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa, menos a felicidade
Correm os meus dedos longos, em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego já me traz contentamento

Pode ser até manhã, cedo claro feito dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter no mato um gosto de framboesa
Prá correr entre os canteiros e esconder minha tristeza

Que eu ainda sou bem moço prá tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida,
Pois se não chega a morte ou coisa parecida
E nos arrasta moço, sem ter visto a vida.



Publicado em 17 de junho de 2017

Incompreensível

                                       
Publicado no dia 17 de fevereiro de 2017

Dois anos sem você


                   Estou afônica hoje. Dizem que problemas de garganta são ligados à sentimentos sufocados.
                   Não preciso ir longe pra saber. Dói, e ainda dói muito. E a saudade só aumenta, cada dia mais, João Pedro.
                   São dois anos que você começou a partir e em nenhum momento essa ideia passava pela minha cabeça.
                   Tenho relembrado todos os dias.. Dia 20 ele estava bem, dia 21 se queixou um pouco, dia 22 começou a passar mal, dia 24 o último dia que ficou em casa ( pra não voltar mais), dia 25 a primeira cirurgia, assim vou revivendo cada momento.
Por que aconteceu com alguém tão forte e saudável? Por que alguns vivem tanto e você apenas 12 anos e meio? Tantos porquês sem resposta . Acho que saberei apenas quando também partir.
                   Como conseguimos passar por tudo isso e seguir a vida? Só por Deus mesmo. E o apoio da família e dos amigos. E outras pessoas que surgiram nesse caminho.
                   Ainda que essa ausência faça parte de mim, como diria Drumond , a saudade dói demais.
Todo dia está presente... na hora do almoço com um lugar vago, no sofá que você ficava deitado, no puff onde sentava pra jogar videogame, na mesa sem cult, no quarto sem roupas e chuteiras espalhadas...
                    Os gibis, a coleção de hotwheels,as bolas, o videogame parecem estar lá esperando você. E a Meg tb.
                   Além da saudade do que vivemos, dói a perspectiva do que poderia ter sido.Imagino que vc já teria me passado na altura  e me chamaria de baixinha com um sorriso provocativo... Penso em você lindo de terno na sua formatura do nono ano...E a sua voz? Provavelmente teria mudado ou estaria mudando. Será que estaríamos planejando conhecer os estádios de futebol nos seus 15 anos?
                 Tantos planos e sonhos não concretizados de um futuro bruscamente interrompido.
                  Dos mistérios de Deus, só Ele sabe.
                  Dizem que "saudade é o amor que fica". Sua passagem por aqui, embora curta foi intensa.
E essa saudade que deixou é a marca do amor que nos une. Especialmente você, seu pai, sua irmã e eu.
                   E assim creio, será para sempre. Por toda eternidade.
                   Com amor e saudades,

                         Sua mãe


Escrito em setembro de 2017

Recordação

" A recordação é o perfume da alma. É a parte mais delicada e mais suave do coração, que desprende para abraçar outro coração e segui-lo por toda parte! George Sandy

Publicado em 17 de outubro de 2017

Presente

Publicado em 17 de junho de 2018

Mães,eternamente

Mães, eternamente
(Teresa Gouvea)

Na eternidade de ser mãe te encontrarei nos finais de tarde, na brisa que toca meu rosto, no sol preguiçoso que fará uma oração silenciosa abraçando meu coração. Certa que você não partirá jamais, afinal, mães jamais se despedem de um filho, acreditarei no meu amor eterno e te acolherei nos lugares mais íntimos do meu cotidiano, sim, meu amor, você estará nos cheiros que povoaram nossas vidas, nas histórias que me servirão de colo, no amor que se derramará para além dos lugares que minha mãos possam alcançar, tão imenso que dispensará o corpo ao receber as eternidades...

Publicado em 17 de julho de 2018 no meu Facebook.

Homenagem da Escola


Publicação do dia 23/09/2015, no Facebook da Escola IEIJ.

Dia das Mães de 2018


A dor

Publicação de 17 de Abril de 2018


A Dor Tem um Elemento de Vazio
A Dor - tem um Elemento de Vazio -
Não se consegue lembrar 
De quando começou - ou se houve 
Um tempo em que não existiu - 

Não tem Futuro - para lá de si própria - 
O seu Infinito contém 
O seu Passado - iluminado para aperceber 
Novas Épocas - de Dor. 

Emily Dickinson, in "Poemas e Cartas" 

Tradução de Nuno Júdice