sábado, 28 de novembro de 2020

D. Rosa

      

                  D. Rosa sou muito grata por ter me acolhido no período mais difícil da minha vida.

                 Como ninguém , sabia a dor que eu sentia. Não somente imaginava, como outras pessoas. Sabia como era dura e solitária essa dor única . E através de sua atenção  e generosidade me dava “um pouco de colo” . Um plantinha trazida da viagem ( ela ama as plantas), uma toalha bordada por ela ( faz lindos artesanatos), um bolinho de Reis ( delicioso ), das rezas com os nomes trocados, lindas  mensagens e orações . Obrigada por tudo.

                  E agora D. Rosa faz 80 anos.... Que fortaleza, que fé , que coragem de enfrentar a vida de frente apesar de tantas adversidades. A senhora me inspira.  

                 Peço a Deus que possa usufruir essa nova etapa com leveza e sempre cercada do amor  e carinho dos seus familiares e de seus amigos. Que seja um período abençoado.

                Como diz Cora Coralina:

“ Muitas vezes basta ser: 

Colo que acolhe

Braço que envolve

Palavra que conforta

Silêncio que respeita...

E isso não é coisa de outro mundo

É o que dá sentido à vida”


              E a senhora é tudo isso. Feliz aniversário, D. Rosa! Amamos a Sra.


( Hoje é o aniversário de D. Rosa que teve tantos lutos em sua vida e continua firme na luta. D.Rosa perdeu o marido, o genro, a filha e o filho /neto. Quando a filha faleceu, já aposentada, foi cuidar dos 4 netos ainda crianças. E aí nossos caminhos começaram a se cruzar. Nada é por acaso. E ganhei uma amiga maravilhosa, que com sua generosidade, soube me acolher nos momentos mais difíceis de minha vida)


28/11/2020

sábado, 14 de novembro de 2020

Aos que pertenço



       



          Dois fatos me impactaram no dia de hoje. A morte de um menino de 18 anos, após lutar por dois anos com um câncer . E a irmã de uma amiga, com depressão profundan depois de perder o filho de Covid.

           Após a morte do João Pedro tinha uma convicção do que não queria, embora não dependesse exclusivamente de mim. Não queria me separar, não queria adoecer e nem me tornar uma pessoa amarga.

            Estatisticamente é comprovado que aumentam as separações pós morte de um filho. Claro, duas pessoas que não estão bem não podem estar bem num relacionamento. E o processo de luto é único para cada um, havendo muitas vezes um descompasso nas fases vividas e na maneira de se encarar o luto. Alguns querem simplesmente “fugir” de tudo, outros encaram de frente. Além da tristeza que paira no ar, numa sociedade hedonista como a nossa.

             Adoecer e até morrer, após uma perda assim, é um processo que se repete. Drummond não conseguiu superar a perda de sua filha Julieta e seis meses depois partiu. Minha avó , com seus 93 anos perdeu um filho. Deprimiu e partiu pouco tempo depois. Meu avô era forte e saudável, foi definhando e morreu um ano e meio após a morte da minha avó.  Os pais de uma grande amiga/irmã partiram 6 meses de diferença um do outro. Os exemplos são inúmeros. Dizem que se geneticamente tivermos programada alguma doença, comum aparecer nesses momentos. Além da imunidade que naturalmente cai por stress.

                Não me tornar uma pessoa amarga, isso sim dependia muito mais de mim. As pessoas se afastam . Torna-se intolerável até mesmo para os mais próximos. E eu sei que preciso de relacionamentos. De conversas e risadas. De abraços fraternos. Do olho no olho que faz tanta falta nessa pandemia.

                 Clarice Lispector escreveu: “ A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver”. 

                  Por isso sigo em frente, para aos que pertenço.

( Escrito em 25/10/2020)

Sempre presente

         


            Daqui a dois dias é o aniversário do seu pai. Ele sempre gostou de aniversários, mas depois que você partiu nunca mais quis comemorar. Nos últimos anos, estávamos acompanhando a Amanda no vestibular nesta data . Desta vez será eleições.

              Penso que como pais questionamos: porque estamos aqui e o meu filho muito mais jovem não. Tanto eu como seu pai tentamos “ negociar” com Deus:  pode nos levar no lugar do meu filho tão novo.  Mas nada disso surtiu efeito. Deus tem as razões que desconhecemos .

              As datas comemorativas são complicadas.  Sempre teremos lembranças, fotos  de tempos passados, com a presença dos nossos queridos. E nessas ocasiões parece que as ausências são mais evidentes. 

          

               Como Manuel Bandeira escreveu: “ Tem mais presença em mim o que me falta”. 

              

               Você , sempre presente .


( escrito em 13/11/2020)

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Não há despedida possível

 

                    



                  Hoje, dia de finados.  Lembrei do que Teresa  Gouvea, em seu site Laços  e lutos,  escreveu como introdução de dois textos meus publicados. Fiquei emocionada ao ler. 

                  Para uma mãe não há despedida possível. Despedimos do corpo, mas eles vivem para sempre em nós. Eles não findam jamais . 

                   Segue a reprodução do texto:


“Meu filho, cantarei sempre para você dormir, minha eternidade

                  Não há despedida possível para um bebê que chutou a barriga e segurou nas suas mãos para andar, não há despedida para as cantigas de ninar ou para a torcida no jogo de futebol, esse amor acompanhará todas as coisas que João Pedro amava –  o sol, o mar, a areia, os filmes e as músicas – viverá, eternamente, o corpo se despedirá, mas o amor é infinito, todas essas delicadezas farão moradia, eternamente, no coração de uma mãe…

(Autoria: Denise, mãe eterna do João Pedro )

 Cantiga de ninar que alcança o céu “