Li em algum lugar, em rede social , que hoje é o dia da gratidão. Coincidência ou não , hoje os meus pais completam 60 anos de casados . Uma vida juntos.
Ainda no campo das “ coincidências “, acabei de ler um livro, cujo texto reproduzo:
“Posso passar meu tempo concentrada na versão perfeita da vida que jamais terei, ou posso aproveitar meu tempo aproveitando a vida que tenho. “
Coincidentemente, li essa semana a história de como a música “ O filho que quero ter” foi escrita.
Após a morte de um filho, nunca voltamos a ser quem éramos. Impossível. Presenciar a partida dele nesse mundo é uma experiência tão visceral, o “ revés de um parto” que não tem como sermos os mesmos.
Quando um filho nasce, ou mesmo antes dele nascer, como na música, imaginamos como seria. Uma criança que viria e que um dia
“Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto que me deu….Ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus”. Essa seria a ordem natural dos fatos. A vida que apesar de imperfeita seria perfeita aos nossos olhos e aos nossos planos .
No entanto, a morte de um filho rompe com tudo isso . O futuro que não chega.
A vida passa a não ser mais a idealizada. A vida que jamais terei. E se eu me concentrar somente nela, e muitas vezes é difícil de não fazê-lo, deixo de ver as oportunidades e as bençãos que que temos.
Gratidão pelos 60 de casados dos meus pais, com saúde , lúcidos e autônomos . Pela minha família, minha filha, meu marido, meus amigos.
Pelas oportunidades que tenho nessa vida e muito que tenho e quero fazer .
Pelo convívio curto, porém intenso e de tanto amor, com o João Pedro nos doze anos e meio que esteve conosco neste plano.
É sempre assim? Não … a saudade é intensa. E dói no peito. E como mãe, impossível não se fazer algumas perguntas: o porquê dos fatos, como estaria , o que estaria fazendo e se estaria gostando daquele passeio de férias, daquela comemoração.
Porém, a missão dele neste plano terminou, a nossa não. E seguir em frente é uma forma de honrá-lo. Ele que foi, aqui, tão intenso e tão cheio de vida. Tenho tentado , todo dia. Com a graça de Deus.
Ps: estou em lágrimas, depois fico bem .
Ps2: creio que nada é por acaso . Nem as coincidências .
Ps3: ainda do mesmo livro:
“Sei que minha vida , como um todo , não tem sido perfeita, mas estou começando a apreciar todas as coisas perfeitas que a compõe .”
( Escrito em 11 de janeiro)