A insônia bateu. Antes não existia . Também não tinha pressão alta. Esses são apenas alguns detalhes do depois, que os outros desconhecem. A pouca tolerância a certas futilidades, também . O mundo é visto sob outra ótica. As lentes mudam completamente.
Conversando com uma amiga , que teve uma depressão muito séria, sobre o que ouvia durante o processo, disse que escreveria sobre o que ouvia durante o luto. E que eu não sabia se antes, falava ou reproduzia essas frases.
“ Você tem um anjinho no céu …” - como mãe, sinto tanto a falta dele por aqui . Queria a presença física que sentimos falta diariamente. Passando o tempo que for .
“ Você tem outra filha… “ - nem que tivesse vários outros, nada e ninguém substitui aquele que se foi
“ Você sabe que dor é essa … perdi o meu cunhado ( ou o cachorro, ou o papagaio, ou sei lá quem ) - penso que a dor da partida de um filho não tem comparação. É parte de você que se vai … numa partida tão precoce então …
E a pior , “ foi melhor assim…” - melhor para quem ?
Não, nunca retruquei . Penso que foram chavões repetidos sem questionamentos.
Talvez a melhor atitude seja, simplesmente, dar um abraço. Como que dizendo silenciosamente, estou aqui . Não sei que dor é essa, pois não passei por isso, mas sou solidário ( a) . E se precisar de mim, estou ao seu lado .
Tive a sorte de ter tido e ter, tantos bons amigos, ao meu lado. Mesmo sabendo o quanto é solitário e duro o processo do luto. O que você passa , só você passa . A dor do seu companheiro, não é igual a sua, mesmo que semelhante. Cada dor é única , porque cada relação é única. E como sentimos também.
“ cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é….
Cale a boca, não cale na boca notícia ruim”.
Ter amigos, pessoas que verdadeiramente torcem por você, ajuda a travessia. Benditos sejam eles.