“ Tenho um desgosto especial pelo sentimento de arrependimento. Apesar de nobre ferramenta para a mudança, ele não conserta as coisas passadas e dificilmente traz verdadeira paz. Quando matérias tão delicadas repousam sobre o arrependimento, há conformismo.
João Pedro estava treinando, noutro dia não mais. Senti sua falta nos treinos, mas não perguntei por onde andava - pensei que estava viajando. Lembro até hoje de quando finalmente perguntei por que faltava aos treinos para o “ Puyol” : “ o João Pedro está internado tem um tumor no cérebro. Teve gente que foi até visitar ele…”
Aquilo foi um choque eu me senti um péssimo amigo, por não ter perguntado antes, por não ter feito uma visita. Algum tempo depois ele faleceu e só percebi verdadeiramente o que era arrependimento, depois de ter visto seu rosto no velório - nunca me esqueci dele.
Vejo os nossos amigos de infância na faculdade, em amistosos da atlética, namorando e mudando de cidade.
E toda vez que penso no tempo, penso nele.
De certo modo, João Pedro plantou algo dentro de mim que fez ser alguém melhor e alguém que dá o devido valor às pessoas que me rodeiam . Seria impossível explicar a mudança que ele provocou em mim”.
Sobre o texto: o autor explica que é um excerto de um texto maior que escreveu sobre a avó para familiares. O tema: cuida da passagem do tempo.
E acrescenta : “Não sabia se devia tocar no assunto de maneira mais profunda, pois tenho medo de te fazer sofrer. Não compreendo o luto de uma mãe. “
PS: Imagina a minha emoção ao receber esse texto de um amigo do meu filho, de 18 anos. Tanta sensibilidade. Obrigada por ter compartilhado comigo.
Publicado sob autorização do autor