domingo, 25 de agosto de 2024

Espera sem fim

              


             Vi um pedaço do filme do Cão Vermelho. Um cachorro, cujo dono morre, que o espera por muito tempo na estrada. Então decide partir a procura do dono, nos lugares por onde ele andou .

            Isso me fez lembrar o Hachiko, o cachorro que esperou por mais de nove anos, até a sua morte, o seu dono (que faleceu), na estação de Shibuya (onde costumeiramente desembarcava). Fato que inspirou o filme Sempre ao seu lado, atuado por Richard Geere.

             Já faz quase nove anos que você partiu.  Assim inesperadamente. 9 anos atrás, sem que soubéssemos eram seus últimos dias em nossa casa. Meg, parecia saber, não saia do seu lado. Por muito tempo, após a sua partida, esperava você perto da porta, nos horários da sua chegada. 

              E eu, ainda me vejo procurando você, pelas estradas da vida. Ou melhor, encontrando seus sinais nos momentos e lugares mais inesperados. Até o dia do nosso reencontro.

sábado, 17 de agosto de 2024

O mês de agosto

                


              Daqui a um mês, fará 9 anos da partida do João Pedro. Nesse tempo, os amigos saíram da infância para a adolescência, juventude. Namorando , fazendo faculdade , morando fora de Londrina. A vida seguiu. Para ele não. João Pedro ficou na infância. Todas as lembranças que temos dele, são de um menino. Não saberei como seria o João Pedro adolescente, ou o João Pedro adulto. Posso apenas imaginar .

              Ah, meu filho, esse é um mês difícil para nós .

              Dia dos pais , e você não está aqui. Lembramos que nove anos atrás,  você estava aqui. Brincando, estudando, jogando. E nove anos e cinco dias depois, tudo começou a mudar. Passou mal, depois hospital, para não voltar mais para essa casa.

               Não , morte de filho não se supera . Passe o tempo que passar. Nunca seremos os mesmos. Sempre haverá uma ausência presente.

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Sem título


               Diante de certos fatos, sentimo-nos totalmente impotentes. 

                Lembrei-me de uma música do Vinicius e Toquinho, Um homem chamado Alfredo, cuja letra diz: 

“ o meu vizinho do lado, se matou de solidão.

… num velho papel de embrulho 

Deixou um bilhete seu

Dizendo que se matava 

De cansado de viver”.

               Não sei quando a letra foi escrita, mas como Vinicius faleceu em 1980, foi anterior a definição de transtorno depressivo, como considerado atualmente. 

                A depressão é considerada o “ mal do século XXI”.  Estima-se que em 2030, será a doença mais comum.

                Nunca imaginaríamos que ela poderia atingir alguém próximo, e com tamanha gravidade e de uma forma tão veloz.

                Alguém com quem tínhamos uma convivência semanal.  E que era tão cheia de vida, alegre, com tantos projetos, viagens marcadas . 

                Ainda estou em choque. E nessas horas, vem a pergunta: será que poderia ter feito algo para tentar evitar ? 

               Racionalmente sabemos que é uma doença. Mesmo assim, emocionalmente temos uma sensação diferente, por ser uma doença mental. Será que perguntaríamos o mesmo se fosse uma doença física ? 

              Perguntaríamos, talvez, se poderíamos, de alguma forma, estarmos  mais presentes. 

              Nada é por acaso. As pessoas entram em nossas vidas, por alguma razão. Fomos abençoados com tantos bons momentos de convivência. Caminhadas, cafés, viagens, fotos, conversas, risadas. Essas lembranças estão eternizadas.

             E, considerando a reflexão que esse momento traz, agradeço e peço a Deus para nos sustentar. Que Ele ilumine o caminho de quem partiu, e dos que aqui ficaram.