segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Carta de 9 anos




Carta de 9 anos

Meu filho, hoje lembrei desse poema : 

“ Quando vier a primavera 

Se eu estiver morto,

As flores florirão da mesma  maneira

E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada”

( Alberto Caeiro - heterônimo de Fernando Pessoa) 

          E assim chegou setembro. Anunciando a “ boa nova nos campos”.  No entanto, você não chegou até a primavera. Os ipês continuam florindo, as orquídeas em frente de casa também, mas você não estava aqui para ver, nem as folhas verdinhas que o encantavam quando pequenino.

         Não estava e não está, por nove primaveras.

         Continuo sensibilizada por flores, paisagens e fotos, tal como você que tirava lindas fotos.   

         Continuo ouvindo e “ curtindo” música, vendo filmes e séries e acompanhando esportes diversos, como você fazia na nossa companhia. 

         Continuo apaixonada por viagens. Porém, ando mais medrosa com as “aventuras” que tanto gostava. Mergulho, trilhas e alguns brinquedos mais radicais. 

           Fico a pensar, que desde a sua partida, tal como uma comida que apreciamos na infância e deixamos de fazer na idade adulta, o sabor de tudo mudou. Creio que não era simplesmente pela comida, mas pelas circunstâncias. O ambiente, a companhia, o preparo, o cheiro, os sons, as risadas…

          E assim tem sido por nove anos. 

          As flores florescem, mas você não está aqui.

          As folhas continuam verdes, mas você não está aqui

          O sol continua levantando e se pondo, mas você não está aqui. 

          Os pássaros continuam cantando, as músicas tocando, mas você não está aqui .

          E assim a vida seguiu. Não foram poucos, e sim muitos,  momentos que pensei o quanto teria apreciado, aquela comida, aquele passeio, aquela música,aquela paisagem… 

          E como doeu meu coração em cada instante deste.

          Naquela foto de família em que faltava você. No seu aniversário de 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 e 21 anos que as comemorações, sem celebrações, foram silenciosas. 

          Nos Natais, dos anos novos, dia das mães, dia dos pais, nossos aniversários e em cada domingo de almoço em família.

          Já estou em lágrimas.

          Sinto tanta a sua falta. Tanta, tanta, tanta..

          Mesmo sabendo e sentindo que está bem, onde estiver, é um sentimento que não posso negar. A saudade diária, os fatos que ainda não compreendo, sei que me acompanharão sempre. Enquanto eu estiver por aqui. 

          Sei que de algum lugar, está olhando para nós. Se assim não fosse, nada teria sentido.

          Sei também que esse amor que sentimos um pelo outro, sempre nos acompanhará.  O amor que transcende a morte.  O amor que traz a esperança do reencontro. O amor que  nos alimenta para seguirmos adiante.  O amor eterno.

          Amo-o para todo e sempre, meu filho, João Pedro.

19 comentários:

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  2. Nove anos de saudades, mas também de trocas intensas, que ignoram a fronteira entre vida e morte e dão continuidade a esse vínculo único e indissolúvel, que faz de mãe e filho(a) a mais bela das criações. E isso é para sempre, sem fronteiras. É só Coração!

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  3. Denise, li seu texto tão lindo, amoroso e delicado com lágrimas nos olhos... Um abraço afetuoso em vc. Acredito que o João Pedro olha por vocês. Este amor nada apaga. Carina Paccola

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  4. Denise, impossível não se emocionar, impossível as lágrimas não caírem, ao ler mais um texto escrito por você. Sem palavras, mas deixo aqui meu abraço apertado, meu carinho e minha solidariedade 😢😘🤗

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  5. Denise amiga querida vc continua sendo a mãe que o J Pedro sempre quis ter...imagino ele lá em cima recebendo todo esse seu amor. E, enviando a vc todo amor de filho ao lado do nosso Pai maior. Bjo grande!!

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  6. Como sempre seus textos são puro coração, saudade e lembrança. Lembrar é conforto pra alma.

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  7. Denise, te abraço com muito carinho e muita saudade

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  8. De continuo c lágrimas vc é muito guerreira SeuJoao Pedro c certeza está muito bem onde está Deus continue abençoando Jesus e NSra estejam sempre com vcs.

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  9. Não há palavras para consolo, não há abraço ou livros que confortem. Sua dor é a maior do mundo, o pior pesadelo de toda mãe. Você tem sido valente, enfrentando sua dor, expondo suas feridas todo dia 17. Sempre admirei seus textos, até perder meu filho. Só então conheci a escuridão que a cerca há nove anos. Hoje somos companheiras na dor, mas também nos divertimos em alguns momentos. Sobrevivemos. Obrigada por me ensinar tanto e parabéns pela sua coragem. ❤️❤️

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  10. Denise querida!!
    Suas palavras são sempre de amor!
    Qta saudade amiga.
    Que Deus continue confortando o coração de todos vcs. Bjoo ♥️

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  11. Denise, minha amiga! Seu anjo está ao lado de Deus olhando por vocês ! Sinta-se abraçada

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  12. Denise querida amiga, quanta sensibilidade e maestria em expressar emoções de um coração rasgado pela dor e repleto de amor e carinho. A saudade desses momentos é proporcional à intensidade vivida entre uma mãe amorosa/cuidadora e um filho doce e ativo. Essas memórias trazem alento e gratidão pelo amor compartilhado em abundância. A esperança do reencontro acalma a alma. Quando as forças estiverem rareando um café com as amigas ajuda. Aguardo a data. Amo você lindinha 🥰🥰🥰

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  13. Palavras ajudam a organizar os sentimentos, mas não diminuem a dor, a falta e a saudade constantemente presente. O dom da vida e a fé estão contigo, o dia do reencontro virá! O pequeno João vive em você! ♥️

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  14. Denise querida quanta saudade e dor inimagináveis!! Que o Senhor esteja sempre ao seu lado! É o amor e carinho de João Pedro estão sempre com você. Abraço carinhoso

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  15. Que texto lindo, profundo e verdadeiro! É muito amor e muita dor, mas o amor é imenso e eterno! Que Deus continue confortando seu coração! Abraço da sua amiga Tânia! ❤️❤️🙏🙏

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  16. Lindíssimo e verdadeiro o seu texto . Receba o meu carinho abraço.

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  17. Eu sou uma mãe que perdi meu filho caçula com 49 anos , muito carinhoso com paciência me ensinou mexer no celular naquele tempo achava que era coisa do outro mundo....Meu Deus como é triste e não tem coisa pior do mundo

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  18. Denise quanta sensibilidade você desperta com esse seu dom de amar e escrever diante de uma dor da saudade que não passa....estamos emocionados por aqui e oro para que Deus continue sustentando sua família como tem feito todos esses anos! Que a fé e a esperança sejam a sua luz de todos os dias até o reencontro com o João Pedro. Te admiro profundamente....

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  19. Denise, que lindo, sempre o sentirá porque amor transcende, como tão bem disse… sinta-se muito abraçada

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