Acordei com as palavras formigando . Ainda na cama sinto: preciso escrever . As palavras estão soltas , as ideias ganhando corpo. Como gritando : precisamos existir.
Sou sobrevivente. Li em algum lugar que as mães que perderam um filho são sobreviventes. Tal como um alcoolista do AA, um dia de cada vez. Mesmo depois de muito tempo, para o tempo terreno . Pois, para nós o tempo é diferente. Parece que foi ontem, ao mesmo tempo parece tão longe. O último beijo , o último abraço, o último sorriso, o último carinho , as últimas palavras.
Só as lembranças nos restam… é um amor infinito. Um amor que mesmo assim, continua existindo e crescendo .
Em tempos como estes, a angústia aumenta .
9 anos atrás estava no hospital. À espera. A pior espera que pode existir . O revés de um parto. Espera do coração do meu filho parar. Morte cerebral constatada, esperava seu coração valente parar de bater . Não sei se existe algo mais torturante que isso .
Eram seus últimos momentos nesse plano . Ao menos corporalmente.
Cruel demais para o coração de uma mãe .
Lágrimas já estão a escorrer . Aperto no peito . O ar sufocante, mesmo com a chuva caindo, após tanto tempo.
Desabo.
Preciso.
Para me reconstruir.
Dia após dia.
“… foi assim. Assim será”.
( Escrito no dia 16 de setembro)
E continua o por quê. Por que a ordem se inverte? Por que partiram tão jovens? Por que com meu filho? Por que comigo? E o mundo nunca mais para de desabar…
ResponderExcluirNão teremos repostas, por aqui
ResponderExcluirTudo é um grande mistério.
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