sábado, 7 de setembro de 2024

Três encontros, três mães

            
                 Três encontros, três mães com histórias diversas e semelhantes. 
1- Encontrei a mãe de uma amiga, na missa de sétimo dia de uma amiga em comum. Ela me viu, veio ao meu encontro, abraçou- me fortemente e começou a chorar. E me disse:  “para quem perde um filho como nós, esse sentimento nunca passa”. Sai de lá e desabei. Chorei pela amiga que se foi, chorei pela mãe da amiga, chorei pelo meu filho, chorei por mim. “ … eu pensei em mim, eu pensei em ti , eu chorei por nós…”.

2- Enviei um texto via Zap para uma amiga que perdeu um filho. Falava sobre o ato mais difícil do mundo: entregar um filho a Deus . Recebo a seguinte resposta : “eu não consigo fazer as pazes com Deus. Não sei se um dia entenderei a razão Dele ter levado meu filho, depois de tudo o que ele passou ao longo da vida. Em seu melhor momento, tudo acaba.” Penso que tudo é muito recente para essa mãe. Tudo tem um tempo. E por mais difícil que seja, o entendimento dos fatos, penso que não será nesse plano. Ainda assim, agradeço a Deus por ter me sustentado até aqui. E não creio que foi a vontade Dele que levou nossos filhos, mas algo que está além da nossa compreensão. Mas respeito imensamente o seu momento e a sua dor.  É um sentimento inimaginável.

3- Em um evento de uma ONG, encontro a mãe de uma amiga da minha irmã. Fazia muitos anos que não a via. Uma senhora muito alegre e forte. Perdeu a filha de leucemia, muito jovem. Após a morte da filha , o marido não suportou a dor e também faleceu. Na sequência teve um câncer, e forças para superar e cuidar  da neta. Comentando a passagem do tempo, disse que já fazia 21 anos que a filha tinha partido. E o quanto tinha sido difícil esse dia das mães, pois esse ano, a data da partida caiu exatamente no dia das mães. Com certeza me ver, fez lembrar da filha, já que minha irmã era muito amiga dela . 

              Pode passar o tempo que for,  menos de um ano ou mais de vinte anos, as lembranças surgem. Às vezes do nada.

              Algumas vezes são doces, outras dolorosas. Algumas nos fazem sorrir, outras chorar. Outras sorrir e chorar ao mesmo tempo, num misto de emoções.

               E aí peço e lembro daquela música: 

“ Tristeza , por favor vai embora

…. Fez do meu coração a sua moradia 

Já é demais o meu penar

Quero voltar àquela vida de alegria “ .

                 Voltar não volta. Mas ainda assim, mesmo parecendo impossível, podemos encontrar algumas alegrias e paz de espírito. Que assim continue.


Ps: a foto tirei numa caminhada em estradas rurais. Coincidentemente 3 flores. Sobreviventes.

2 comentários:

  1. Continuo de mal com Deus, minha amiga. Não rezo mais, não vejo consolo na fé. Não pode haver propósito na morte estupida do meu filho depois de tanto sofrimento e superação em sua vida. Ele merecia mais. A dor vai ficar até a minha vez de partir. Como vc bem disse, sobrevivo. 💔

    ResponderExcluir
  2. Uma dor.que não acaba! Força amiga!

    ResponderExcluir