“ Escrever é como girar a faca na ferida” Elena Ferrante
Por que escrevo então ?
Escrevo para mim, porque é terapêutico. Porque posso expressar os sentimentos guardados. Porque me ajuda a organizar as ideias e prosseguir. Porque seria insuportável para mim e principalmente para os outros, falar muito sobre o luto. Morte ainda é tabu. Luto é sofrimento. Numa sociedade que exalta o prazer é quase “assunto proibido”. Constrange.
Escrevo para o João Pedro. É quase como trazê-lo novamente ao nosso convívio. Para os que conheceram, recordar. Para os que não tiveram a oportunidade de estar com ele, saber da existência curta e linda deste ser iluminado. E de alguma maneira, quando declaro a saudade e o amor que sinto, imagino que essa mensagem chegue até ele.
Escrevo para quem teve uma experiência de luto intensa, como a de perder um filho. Comecei o blog, para reunir as publicações que fazia nos dias 17, em um único lugar. No começo, postava apenas textos, de outras pessoas, com que me identificava. Na missa de um ano de falecimento do João Pedro, escrevi e tive a coragem de ler uma carta para ele. Compartilhei o que escrevia, com algumas pessoas. Quando uma amiga, que havia perdido familiares, contou que os textos haviam ajudado no seu processo de luto, resolvi publicar ( ainda que encabulada pelos amigos jornalistas e professores de português).
Por isso, sem qualquer pretensão literária ( nem ousaria) , “giro a faca na ferida”. Talvez para tirar um resíduo do que ficou. E assim, seguir adiante.