terça-feira, 15 de setembro de 2020

Cinco anos ( carta) ou cinco minutos

            Cinco anos atrás eu tinha você aqui em casa. Lindo, saudável, inteligente. Como o destino nos prega peças, tudo mudou pouco depois. Cinco anos atrás foram os seus últimos momentos nessa casa. Brincando com a Meg, jogando videogame, fazendo tarefas, chutando bola. Cinco anos... não dá para acreditar. Tanto tempo e ao mesmo tempo tão próximo. Acho que vai ser sempre assim, independente de quanto tempo passe. Cada lembrança sua é muito vívida. A voz, o cheiro, o toque... Tinha tanto medo que se perdesse. 

              Estamos com duas cachorrinhas, por enquanto hóspedes. A branquinha e a pretinha. Você teria adorado brincar com elas. São duas filhotinhas arteiras. Tio Paulo achou no meio do nada e pediu para ficar aqui provisoriamente. Lembro do quanto brincava com a Meg . E como  ficava bravo quando a Meg protegia a Amanda, dizia que queria um cachorrinho só pra você. No entanto não esqueceu da Meg, nem no hospital. Falava da falta que sentia dela.

              Que bom que tiveram a Meg para partilhar a infância. Hoje ela já está velhinha. Não corre, nem salta tanto como antes. Seus passeios são mais curtos, as sonecas maiores e enxerga menos. Ah, se soubesse o quanto ela esperou por você. Ia para a porta nos horários da sua chegada, que não eram mais seus.

             Como os fins de tarde foram difíceis para todos nós . Seu pai ficou perdido sem ter que levar você no futebol, no tênis ou no campo. Acho que era a hora mais difícil do dia pra ele. Não ter a sua companhia diária.

             Era uma correria com vocês dois e tantas atividades. Sabia que sentiria falta quando crescessem. Jamais imaginava que seria assim. Teve época em que um estudava de manhã e o outro a tarde. Chegava com um, almoçava e corria pra levar o outro. E final do ano então ... Torneio interno da Arel ( Eurocup), taça cidade de Londrina, ensaios e espetáculos de Ballet da Amanda, apresentação de piano. Era uma maratona que me traz muita saudade e boas recordações.

            Ah, se eu tivesse uma máquina do tempo. Voltar a ver vocês crianças e felizes. Alegres e barulhentos. Criando apresentações dos teatrinhos  ( sob a direção da Amanda) com a trilha sonora da Palavra Cantada,  fazendo  cabaninha com a mesa de jantar e colchões, escorregando de papelão pelas rampas de grama, piqueniques e muito mais.

             Hoje na palestra que ouvi, a pergunta era a seguinte: o que faria se tivesse cinco minutos com a pessoa que você ama e se foi?

              Daria abraços apertados e beijos até você reclamar. Diria o quanto eu o amo e sempre amarei. Independente do tempo e da distância. Será que você me responderia “ mãe você já me falou isso” como me dizia quando eu falava que o amava? Ou ainda “ isso eu já sei”.

               Que bom, filho. Você sabia o quanto era amado. E saiba, sempre será.

                                              Sua eterna mãe 


( escrito em algum dia de agosto de 2020)     

6 comentários:

  1. Que essas boas e eternas lembranças, a fortaleça cada vez mais.🥰♥️🌹

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  2. Ah o Tempo! Nele estão as lembranças, o amor, a saudade... mas também trará fortaleza em sua vida...

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  3. A saudade é eterna, alguns dias é pequena, outros dias é mediana, e outros dias enorme do tipo que apertar o coração.

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  4. Puxa, Denise, lembranças de um tempo de muito amor, um amor que nunca se acaba e que estará sempre no seu coração. Que esse amor torne sua dor cada vez mais leve! Um grande abraço

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  5. Me emocionei, que mensagem linda!!!
    Saudades eternas.
    Beijo carinhoso nosso de coração.
    Pri, Gi e Sergio Amadeu

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  6. Que lindo!
    Não consigo mensurar sua dor e saudade
    Continue essa pessoa sensível e amorosa minha amiga
    Bjocas da tia Xuxu

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