Recentemente me indaguei acerca da própria construção de caráter de um alguém: eu.
Isso se deu pois fui bombardeado por questões sobre a formação de memória, sentimentos e perspectivas relativas ao crescer.
Ora, muito embora para crescer seja imprescindível avançar no tempo, cheguei à conclusão de que é necessário, também, revisitar às questões que formaram nosso próprio ser.
Não me esqueço da minha primeira quebra de expectativa para com a vida.
Ahh, a vida. Me traiu.
Era criança e, para não fugir ao ordinário: inocente.
O acontecimento “morte’’ era apenas uma figura abstrata, muito longe de qualquer tipo de coisa que eu já tivesse experienciado.
É claro que ouvia acerca de meu vô materno que tampouco cheguei a conhecer. Obviamente percebia o luto daqueles que experienciavam a morte daqueles próximos.
Entretanto, nunca tinha sentido a morte – e o luto - de perto.
João Pedro.
Daquilo que consigo lembrar de você, caro amigo, da sua inocência, compadre, emergem algumas coisas:
Eras fiel amigo e de bom humor; superava as outras crianças em sabedoria, eis que manso.
Ultimamente, davas a outra face;
Jogávamos juntos e contra outros clubes perdíamos (quase) sempre. A felicidade estava não nos jogos, mas nos treinos (além do campeonato interno do clube).
Não esqueço quando ví um lampejo de adolescência em você, um simples lampejo.
Por mais estranho que seja e, por mais que minha mente me engane acerca da idade que tínhamos do fato, lembro de quando você, notadamente lembrado pela sua paz de espírito, se enfezou com um atleta da equipe adversária e, o desafiando pela disputa da bola, tomou um cartão amarelo.
Você deu risada, caro amigo, mas me lembro que fiquei espantado.
Há poucas semans me confrontei com um segundo falecimento: um avô de um familiar.
Embora morasse longe e tampouco me fosse relativo, acabei me sentindo melancólico, afinal, com ele conversei em algumas oportunidades: era um homem sábio.
O velório foi no mesmo lugar onde você descansa, ‘’Kenji’’, e não pude deixar de revisitar essas memórias.
Perguntei à atendente do local você estava e fui até lá.
Confesso que quando cheguei ao local, chorei. Quanto tempo!
Tantas vezes sua própria condição não me fez pensar sobre as razões da própria vida! Tantas vezes sua paz não me serviu de exemplo! Tantas vezes nossa inocência me foi substância de contemplação.
Uma coisa é certa: a ideia de Kenji – e o fato de sua partida – caminharão comigo para todo o sempre e mesmo após tantos anos, não deixei de me emocionar.
Texto escrito por um amigo do João Pedro. Muitos sentimentos e emoções ao recebê-lo . Com certeza, meu filho estava cercado de pessoas muito especiais.
Fiquei muito emocionada amiga...lindo demais!
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ExcluirMuito tocante é verdadeira essa narrativa.
ResponderExcluirQue emoção você deve ter sentido, Denise! Saber que seu filho, em tão pouco tempo aqui, deixou memórias profundas no coração de outras pessoas. Parabéns ao amigo do “Kenji” por expressar suas emoções neste texto singelo e ao mesmo tempo de profunda reflexão.
ResponderExcluirImpossível não se emocionar 😢que lindas lembranças…palavras de afeto e amor, que o tempo não apagou!!!! Lindoooo 🤗🤗🤗🤗grande abraço amiga 😘😘😘
ResponderExcluirQue emoção ler este depoimento. Nao conheci o "Kenji", mas ele foi um anjo que passou peĺa sua vida e de muitos amigos, deixando marcas
ResponderExcluirPara sempre João Pedro em nossos corações. Sou feliz por ter torcido tantas vezes pelo time dos nossos meninos, pelo João, por ter gritado seu nome na torcida dos jogos de futebol.
ResponderExcluirQue memória incrível de afeto e amor De. Não tem como se emocionar!!!! João Pedro está na sua inocência guardada nos corações de quem o conheceu. Podemos saber quem escreveu esse lindo texto??? Fique em paz amiga. Mais uma demonstração de tão grande que foi a passagem do João por esse mundo. Beijos no seu coração ❤️
ResponderExcluirQuanta delicadeza e quanto conforto nessa mensagem...A lembrança do amigo mostra a perenidade das amizade e dos afetos. João Pedro segue seu caminho em outros planos de existência, mas continua presente nos corações que tocou em sua passagem entre nós. É para sempre! Miguel, Rio de Janeiro.
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