domingo, 24 de janeiro de 2021

Saudosismo



           Acho que ando saudosista por estes tempos.  Hoje seria aniversário do meu avô. Dia 11 foi aniversário de casamento dos meus pais, data que sempre comemoramos. O Face me trouxe a foto da última comemoração que o João Pedro participou, seis anos atrás.

          Dia quinze seria o aniversário da minha avó. Data em que a família se reunia nos últimos anos de sua vida. Sempre uma festa.

          Revendo fotos antigas, vejo meus tios e meus avós em frente da histórica casa da Treze de Maio.

           A casa era de muitas lembranças da infância. A mesa enorme posta quase o tempo todo. Sempre tinha alguém sentado. E as refeições iam emendando.

          O pé direto super alto. As escadas de madeira, onde todos os netos escorreram pelo corrimão. Chegou a ser tombada pelo patrimônio histórico e depois destombada. Pertinho do Teatro Guaira e do Passeio Público, onde o dithan e os tios costumavam nos levar. Voltávamos com os balões de gás, quando não acontecia a tragédia de escapar, amanhecia no teto da casa.

          Do baleiro ao lado do telefone, dos cigarrinhos de chocolate ( hoje nada politicamente correto) do tio Kiyoshi, das revistas e balas do tio Massaru, das refeições deliciosas preparadas pela Bathan e depois pela tia Keiko.

          Meus tios batizavam carinhosamente de “ família Trapo”.  Muita alegria nas reuniões. Com o tempo, a família foi abraçando os cônjuges dos netos e os bisnetos. Meus avós partiram e 3 tios também. Tempos que não voltam mais.

          Doze anos atrás minha avó partiu. Doze anos atrás foi a última comemoração do seu aniversário. Deixamos de reunir no seu aniversário. Meus filhos chegaram a participar. No último encontro João Pedro tinha 4 para 5 anos. Havia perdido a professora da sala, num acidente durante o ano letivo e estava intrigado com as questões de vida e morte.

         Um dia ele me perguntou: “ sabe aquela sua avó que é bem velhinha, ela vai morrer logo?”. Respondi: “ Filho o natural é as pessoas mais velhas morrerem antes. Mas não sabemos se vai ser assim. Às vezes acontecem acidentes, às vezes as pessoas ficam doentes. Só Deus sabe quando vamos morrer.” Ele quietinho ficou pensando sobre isso...Que ironia, não ?

         Um pouco depois, minha avó partiu com os seus 94 anos de idade. Deprimiu após ter perdido um filho.  E o João Pedro partiu tão precocemente.

         Imagino que esteja em algum lugar fazendo a reunião alegre de família com os que já partiram. E que tenha sido tão acolhido por eles como fizeram sempre por aqui. Saudades disso  tudo...



(Escrito no dia 22 de janeiro... no meio desta pandemia que nos impossibilita ver nossos queridos. E nos traz mais saudades.)


Hoje a casa não existe mais. Atualmente é um estacionamento.  Esta foto foi tirada da última vez que estive no Teatro Guaira. Quis deixar o carro na Treze de Maio, 45.

7 comentários:

  1. Com certeza estão juntos sim! Sabe de uma cousa que eu não esqueço da casa da batian, entre tantas coisas? Um descanso de telefone que era vermelho e tocava Tema de Lara...do tempo que ainda não tinham desgastado o Fur Elise!🤭 Super saudades das cantorias de final de ano também! 🎶

    ResponderExcluir
  2. Sabe que lembrei das cantorias? Muito bom

    ResponderExcluir
  3. O que permanece sao as boas, inspiradoras e deliciosas lembranças!
    Seremos sempre gratos a todos que passaram por nossas vidas deixando
    tantas recordações carinhosas e confortadoras!

    ResponderExcluir
  4. Esse ano em particular as saudades estão sendo mais frequentes e o coração mais apertado. Os abraços e sorrisos por aí fazem falta. Boas lembranças... histórias de amor. Um bj bem grande Denise!

    ResponderExcluir
  5. Saudades Débora. Um abraço no coração e no Augusto que só conheço por fotos por enquanto.

    ResponderExcluir