Neste dia 17, uma poesia....
Ausência
(Carlos Drummond de Andrade – 1902-1987)
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus
[braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
ANDRADE, Carlos Drummond de. (In: “O Corpo”. Editora Record, São Paulo, Brasil, 2004)
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