terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Ausência


Neste dia 17, uma poesia....


Ausência 


(Carlos Drummond de Andrade – 1902-1987)


Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus

[braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres,

porque a ausência, essa ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim. 




ANDRADE, Carlos Drummond de. (In: “O Corpo”. Editora Record, São Paulo, Brasil, 2004)



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