sábado, 14 de setembro de 2019

Quinze anos

        Quinze anos, que idade mais linda. O auge da adolescência. Tantas mudanças, tantas descobertas.
        Infelizmente não pudemos acompanhar seus quinze anos, sequer os treze.
        Você partiu com doze anos e meio, nem oficialmente na adolescência ( thirteen).
        Como diria Drumond: “também temos saudades do que não existiu, e dói bastante .”
        Saudade? É uma companheira diária. Saudade de tocar, de cheirar, de abraçar, de sentir.  Saudade de cuidar, pois alguém disse que o “cuidado é a medida do afeto”. Cuidado esse que já não posso dedicar e o afeto que transborda sem o destino que gostaria de ter.
         Saudade do que vivenciamos juntos e não é mais possível. Ah, se o João Pedro estivesse aqui ele estaria gostando de nadar com as tartarugas, ele estaria reclamando de andar, ele gostaria de mergulhar. Sempre imaginando qual seria a sua reação.
         Saudade do futuro que não veio. Provavelmente mudando de voz, com uma penugem de barba/bigode.
          Não chegou aos treze, não “adolesceu”. Não teve formatura, não se apaixonou pela primeira namorada, não foi pra balada, não se casará, não virão os filhos ( meus netos que não virão). Um futuro tão bruscamente interrompido. Razões? Jamais vou saber. O que não me impede de perguntar, mesmo sem respostas.
           Dor? Às vezes chega a ser física de tanto que essa saudade dói. Dói no corpo, dói na alma. Arrancaram uma parte de mim e o vazio que ficou está ali latejando, pulsando. Existindo como vazio.
           A gente se distrai, continua a vida que prossegue. Mas essa parte faltante vai está sempre ali, dizendo que sua vida deixou de ser completa. Ter essa consciência também dói.
           Hoje entendo mais do que nunca, quando disseram que o fato das mães que perdem os filhos estarem aqui é uma incrível prova de amor ao mundo.
           No entanto, eu quero viver e não simplesmente sobreviver.
            Muitas pessoas vieram dizer o quanto me admiravam, o quanto me achavam forte. Às vezes parece sem sentido para mim. Não parece que tenho outra alternativa.
            Só pela fé para prosseguir. Acreditando que o João Pedro está bem e que um dia iremos nos encontrar novamente.
            Quando eu tinha mais ou menos quinze anos,  li um livro chamado Longe é um lugar que não existe. E uma frase que até hoje me recordo é a seguinte: “Voe livre e feliz através dos aniversários. Haveremos de nos encontrar através da única comemoração que nunca termina “, algo assim.
            E que  assim seja, meu filho. Por toda eternidade.
                                   Sua mãe





( Escrito perto de 14 de fevereiro de 2018)


           

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